quinta-feira, 24 de abril de 2014

Sobre deusas e adeuses



Não é como se você
cuspisse marimbondos,
escarrasse na minha cara
e fosse embora
(madrugada a fora),
deitando-se em meio
à qualquer avenida
enquanto espera
                                um último beijo.

Ou que você surgisse
na porta de casa,
seu corpo, sua alma,
seu sorriso de deusa
(pobre de espírito),
e me pedisse um mimo
em troca do seu
                              veneno divino.

Nem aconteceu da vida parar
pra gente poder se dizer adeus
(no meio da rua, a noite veloz),
ou de você ameaçar se matar
e ir embora,
                      seus olhos sujos
                      sua boca toda borrada de batom.

Não ficamos largados
em meio ao silêncio
(e nunca tivemos segredos).
Torcemos o pano,
mudamos de planos
e houve,
               mas não houve medo.
É que deusas e adeuses
me escorrem

                        por entre os dedos.

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